Não há esquerdista que não dê em pessoa respeitável, conservadora. Como no seu esquerdismo eram dogmáticos e sem sombra de imaginação (quem gritava “l’imagination au pouvoir” eram outros), não têm hoje uma ideia marcante, mesmo que caricata.
Quem ainda tem essas ideias são os que foram mais ou menos libertários, e estou a lembrar-me dos que, bastante tempo depois de 68, deram os Verdes, primeiro os alemães. Quando entusiasmados por ideias provocadoras, deliram, sentem-se jovens, julgam que vão captar um eleitorado jovem que afinal os olha com sorriso condescendente. Tal como cá com o BE e o acolhimento (mesmo que não iniciativa) da luta contra o piropo, os Verdes alemães tanto têm o bem estabelecido Joschka Fischer, cada vez mais redondo e bem comportado – o mal que faz ser ministro! – como essa coisa estranha e serôdia que é Daniel Cohn-Bendit.
Isto vem a propósito da sua última proposta, inserida na campanha eleitotral para as legislativas: um dia por semana obrigatoriamente vegetariano nas cantinas públicas! Não estou a brincar. Metam no Google “greens vegetarian day germany” e logo vêem o que sai. Isto não tresanda a mentalidade fascista? Para proibir comer carne em alguns dias bastou o obscurantismo (mas com razões económicas) da abstinência da Igreja medieval (e lixou-se, porque sem isto e as bulas e indulgências não teria havido Lutero).
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