Rui Tavares, paladino da utopia de uma fada da unidade de esquerda, uma esquerda tão vaga que é um embuste, volta à carga, no Público (só para assinantes). “E as eleições legislativas de 2015, será que elas vão resolver alguma coisa? Pelo que vemos da habitual puerilidade à esquerda, o resultado será um governo de direita ou, para gáudio dos sectários, um governo do PS com a direita. As políticas serão as mesmas.”
E o que seria, para RT, uma política diferente (?) seguida pela sua esquerda larga? Como é que os sectores minoritários dessa esquerda obrigariam o PS a mudar as suas posições? Ou está RT convencido de que estamos num momento de cedências mútuas, quando estamos é num momento de rotura, ou sim ou sopas quanto à rejeição da troika, à denúncia do memorando, à preparação para a eventualidade (não digo certeza) da saída do euro?
Não sou adepto, em princípio, do “quanto pior melhor”. Mas, neste momento, qualquer entendimento do PCP e do BE com a política subservientemente ambígua do PS, que, como o próprio RT reconhece, é a mesma que a da direita, é condenar a esquerda consequente a um descrédito que a reenviará de novo, por muitos anos, para o limbo político. O curto prazo pode ser o inimigo do futuro. Ou ainda, noutra analogia, uma eventual “vitória de esquerda”, agora, pode ser uma vitória de Pirro.
Estou convencido de que, infelizmente, ainda vai levar algum tempo, mais do que o deste ciclo político, e com avultados sacrifícios do nosso povo, para que haja uma mínima rotura política significativa e a perspectivação de um novo alento da democracia, de uma política nacional de soberania, e de uma mudança real ou verdadeiramente potencial nas relações económicas e de classe, no controlo social da propriedade e no papel do Estado.
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