quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Brincando a sério com a ortografia

Vejo mais e mais que o acordo ortográfico de 1990, em vigor oficialmente, e o seu processo são um nó cada vez mais emaranhado. Uma das conclusões que tiro é de que, nesta confusão, cada um, sob risco de ser dito mal-escrevente da língua, pode escrever o que quiser.
Acresce a que julgo, no essencial, que as críticas anti-AO são conservadoras, emotivas, não objetivas. Isso irrita-me! E tende a puxar-me para o lado contrário. Depois, quando leio defensores da velha ortografia escreverem mal, em sintaxe e em harmonia fonética! Que autoridade têm?
Eu sou adepto feroz do critério fonético. Escrever fácil é um instrumento prático também para todos os que a aprendem de novo. Por mim, eliminaria, à italiana, o h inicial. Escreveria com uma única letra sons homófonos (embora haja diferenças de pronúncia local) como s e z (cosido e cozido – originalmente “co[d]zido), ss e ç (cassa e caça – “ca[t]ça”), ge e je (gesto e jeito – “[d]jeito), etc. Sei bem quais são as raízes nas diferenças de evolução do latim bárbaro, mas são tempos que já lá vão, que só têm pequenas diferenças locais na pronúncia. No entanto, como nada disto foi abordado no AO, não digo mais.
Passo para os acentos. Poucas línguas indo-européias têm grafias com tantos sinais diagráficos. E vem sempre o cágado e o cagado! Coitadas das crianças inglesas, a terem de aprender qual é a sílaba tónica de uma palavra, sem ajuda de acentos. Há exemplos frequentes, em português, em que a supressão do acento nas exdrúxulas (foi assim que aprendi a dizer) gere confusões graves? E resolveria a diferença entre o português “económico” e o brasileiro “econômico”. Simplesmente “economico”. Ou alguém pronunciará “economíco”?
A defesa dos acentos mostra uma preocupação excessiva com as homografias-heterofónicas e mais ainda com as homonímias. Mas o português não está cheio de homónimos, sem problemas? Alguém fica confuso com sentar num banco, ir levantar dinheiro ao banco, ser atendido no banco do hospital ou obter informações num banco de dados?
Também tenho em conta a ergonomia, principalmente no uso hoje banal e quase universal do teclado do computador ou de um dispositivo móvel. Por isto, não admira que os jovens tenham inventado uma ortografia “digital”, “k” em vez de “que”.
Parece-me ainda que a discussão já não tem sentido prático, quando muitos milhares de jovens já aprenderam a escrever com as normas do AO, quando muitos manuais escolares já estão publicados assim, quando muitos e muitos pais dificilmente poderão conservar-se na antiga grafia quando têm de mudar com os seus filhos, nos trabalhos escolares, usando o AO. 
O argumento de Angola e Moçambique não terem ratificado não colhe. Durante muitos anos houve grafia dupla em Portugal versus Brasil, agora haverá em relação a Angola e Moçambique. Não duvido de quem ficará a perder.
Pelo contrário, o que me preocupa é que até se tenha acentuado a dualidade de grafia entre os dois principais falantes do português, de norma portuguesa e brasileira.
O que é gerador de maior confusão é a coexistência das duas ortografias, pré e pós-AO. O melhor exemplo é o dos jornais. A maioria adotou o AO, mas não, por exemplo, o Público. Num caso e noutro, vemos em todos os jornais notas elucidativas de que este ou outro autor adota a norma que não é a da redação do jornal. O mesmo se passa com a administração pública, vinculada ao AO, mas não com a generalidade das entidades privadas. Os seus membros têm frequentemente de ser escreventes “esquizofrénicos”, de uma forma no trabalho, de outra na vida pessoal.
Eu iria por uma reforma ainda mais radical, com base fonética. Como exemplo paradigmático, como já disse, eliminava o “h” inicial, como no italiano, a mais latina de todas as línguas. No entanto, tudo isto é muito avançado mesmo em relação ao criticado AO90. Assim, com algum sentido prático, vou enumerar o que será a regra ortográfica que vou passar a seguir, regra minha por que não vou preso e que não obriga a ninguém. Claro que será uma experiência transitória, exemplificativa e pedagógica. A ver se alguém diz que não me consegue perceber a escrita.
1. Os acentos.
a) aceito a diferenciação de “por” e “pôr” ou de “para” e “pára”, bem como o acento nas formas do pretérito que se confundem com o presente (“cantamos” e “cantámos”, “comemos” e “comêmos”). Mas não “fazemos” e “fizémos”, que têm grafias diferentes.
b) Sou mais radical nas exdrúxulas (como se chamavam no meu tempo). Na grande maioria dos casos, não se confundem com palavras graves; a acentuação causa inúmeras diferenças com o circunflexo brasileiro; e não consta que nós falantes de outras línguas sem acentos tenhamos dificuldades. Assim, passo a omitir (com economia de uma “teclagem”) todos os acentos, agudos ou circunflexos, nas exdrúxulas que não fiquem homógrafas com palavras graves (cá vem o cágado e o cagado). 
Por exemplo, no texto acima, escreverei ortografico, lingua, fonetica, etc., mas manterei o acento em crítica ou contrário, para distinguir das formas verbais, graves.
Façam uma experiência. Escolham um texto ao acaso e contem quantos acentos eliminavam assim.
c) O mesmo na acentuação de ditongos. Escreverei heroi, mois, aneis, bateis, fieis, papeis, ceu, chapeus, ilheus, etc. Para quê o acento infantilizador?
Também  não acentuarei para desfazer ditongos, que me parece escusado para a aprendizagem da leitura: heroina, diluido, moido, distribuido, etc., sempre sem acento agudo.
d) E serve para algum efeito prático o acento em, por exemplo, amável, fóssil, réptil, éden, açúcar, tórax, etc.?
e) Uso o acento grave, como agora, circunscrito às contrações com a preposição “a”.
f) Os acentos ~ e ^ também parecem redundantes. Não consigo distinguir diferenças entre os fonemas ã e â, por exemplo em mão e câmara. É verdade que há “pôr” e “põem”, incongruências (aqui está: porque não incongruencias, em que o n já anasala?) de família que devem perturbar os que argumentam sempre com “Egito” e “egípcio”. Mas não vou tocar nisto, não sou perito e só estou aqui a falar de coisas verdadeiramente práticas.
2. As consoantes mudas
Sou adepto incondicional da supressão das consoantes mudas, mesmo com a inevitável dualidade com a norma fonética brasileira. É principalmente o meu critério da grafia fonética e da ergonomia. O problema está em que, com a tendência portuguesa para comer sons, muita gente “de facto” diz “de fato” ou diz “pato orçamental”. É necessário estabelecer uma norma erudita.
3. O hífen
É neste domínio que tenho as maiores dificuldades com o AO. A ortografia anterior já era complicada, mas tinha aprendido bem. Agora, aprender coisas muitas vezes ilógicas e incongruentes, sem uniformização de critérios, é-me muito difícil.
A abolição do hífen nas formas derivadas de “haver de” faz sentido por comparação com “ter de”. Mas parece-me que a combinação de palavras já adquiriu tal significado como auxiliar de futuro de outros verbos, como palavra única, que continuarei a escrever com hífen, da mesma forma que a flexão com pronomes (“faz-se”).
A maior complicação é a das palavras compostas e locuções. A aglutinação do prefixo ou o uso do hífen podem ter muito sentido linguístico, mas são confusas. Por exemplo, aglutinam, dobrando a consoante se necessário, os prefixos ante-, anti-, co-, contra-, extra-, hiper-, auto-, mini-, des-, in-, e muitos mais. Mas levam hífen os compostos com os mesmos prefixos e uma palavra começada por h, ou quando a última vogal do prefixo e a primeira letra da raiz são a mesma (contra-almirante), apear de se escrever, antes do AO90, connosco, em que se dobra uma letra. E também com exceção, estipulada no AO90, da dobragem “oo” (coordenar).
Também o AO90 normaliza diferentemente a grafia de compostos com os prefixos pós-, pré- e pró-. Mas porque escrever pós-graduado e pospor, pré-natal e previsto, pró-cíclico e promover? É certo que é diferente a acentuação do prefixo, mas complica.
Vou simplificar, na minha ortografia. Salvo casos excepcionais, que agora não posso explicar, vou escrever sem hífen todos os compostos com prefixos consagrados.
Complicado é também o caso das locuções. Escreverei com hífen as de mais do que duas palavras, não diferenciando, por exemplo, “cor-de-rosa” e “cor-de-laranja”, como faz o AO90. Quanto às de duas palavras, para além das já aglutinadas, como paraquedas, tenderei a aglutinar todas, escrevendo, por exemplo, guardachuva.
4. Vírgula.
Numa listagem, o último “e” não é precedido de vírgula, ao contrário da norma anglo-saxónica. Mas muito vezes o elemento anterior já inclui um “e”, o que confunde. Vou seguir, como já muitas vezes faço, a norma inglesa, fazendo preceder sempre de vírgula o último elemento de uma lista, mesmo iniciado com“e”.

É claro que tudo isto é uma brincadeira, de quem não é obrigado a seguir uma regra. Inventei uma e quero testá-la. É este o meu único motivo, e por isto desejo vivamente comentários ao que irei escrevendo contra as normas.

É uma provocação, até uma brincadeira (mas a sério…).

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Democracia ou ditadura – dualidade absoluta?

Há situações complicadas na história viva que vivemos que são pedra de toque para definição da atitude de quem a analisa e eventualmente toma partido, antes ou depois dessa análise. Digo também antes porque é legítima a tomada de posição afetiva, solidária, ideológica, ainda que só a análise racional a filtre e lhe dá consistência.
Hoje, isto é particularmente importante quanto todo o contexto é conformado para nos condicionar essa análise, sacudindo-a no triturador do consenso político, dos maniqueísmos aceites acriticamente, da hegemonia orwelliana da comunicação social e da sua opinião “plural”.
A situação atual da Venezuela é um caso paradigmático. De um lado, muito minoritário no panorama comunicacional-ideológico, a simpatia acrítica por um processo visto como mais uma ataque possível ao mal absoluto, o imperialismo ianque. Do outro, dominador até mais, uma ditadura personalista, populista, cada vez mais sem fundamentos económicos, arrastando o povo para a miséria, atentatória dos direitos humanos, repressiva, desrespeitadora da democracia.
Isto perante uma oposição majoritária por voto livre, respeitadora da legalidade, dedicada aos interesses das grandes massas populacionais. Na versão mais moderada, de acordo com a tradição necrofílica, tudo aceitarem com Chávez, mas nunca com a atual política de Maduro.
Neste quadro complicado, e que muito desafia a capacidade de processar dinamicamente o devir histórico, para não dizer mais claramente a análise dialética, é confortável para muita autodesignada esquerda colocar-se em posição de eqüidistância, de nim. Há muitos momentos da história, com barricadas erguidas, em que só se pode estar num lado ou no outro. Para os que tentam ficar no passeio a olhar ou a manter-se fariseus, vem o carro da câmara, que os varre para o lixo da história.
Claro que bem posso pensar que a revolução bolivariana não é a rotura anticapitalista e socialista que desejo, embora seja um passo importante nesse caminho, como todo o processo emancipador que teve lugar nas duas últimas décadas na América latina e depois derrotado no Brasil e na Argentina. Que muitas coisas nessa derrota derivaram de erros da corrente progressista, não só da intervenção mais ou menos camuflada do imperialismo. Que uma revolução se devia fazer, na Venezuela, usando os imensos recursos para uma reconversão revolucionária e social dos meios de produção, não pela distribuição contingente dos rendimentos desses recursos. Que uma revolução sem orientação ideológica coerente e forte é frágil. Enfim, que Maduro está longe da qualidade política e carismática de Chávez, assim como Dilma era pálida imagem de Lula.
Mas nada disto pode justificar o “sim mas”. Apenas o “mas” dito depois, e em complemento, de um categórico “sim”.
Como escreve hoje em “público.es" Emir Sader (um pêtista brasileiro revolucionariamente muito recuado), “estar a favor del gobierno de Venezuela no es solo una cuestión política, pero también de carácter. Es vergonzoso cómo gente que pretende estar en el campo de la izquierda, instituciones con tradición de izquierda, partidos que en principio pertenecen al campo popular, quedan silenciosos o se valen de críticas al gobierno para justificar la falta de solidaridad con el gobierno de Venezuela.”
Numa nota curta no Facebook, de “sound bite”, escrevi, para muitos protestos, que para se pensar na Venezuela, era preciso parafrasear a célebre frase da campanha presidencial de Clinton: ”It’s the revolution, stupid!”.
Quis dizer, muito elementarmente, que não se podem analisar situações históricas e sociais dinâmicas como espartilhadas em regras e categorias estáticas, como seja, neste caso, democracia e ditadura. Estão interligadas, como no velho princípio físico da ação e reação. Continuando como provocador, “it’s the dialectics, stupid!”.
No fim do século XIX (Marx e os ativistas alemães sociais-democratas) a perspetiva transformadora era revolucionária. Progressivamente, as concessões capitalistas face à crescente força proletária, os avanços tecnológicos e seus efeitos no trabalho e na sociedade, o receio da atração pela revolução russa, a economia pós-guerra, a mundialização do conhecimento do modo de vida rico ou mesmo pequeno-burguês, criaram no ocidente europeu uma perspetiva de progresso social reformista, com identificação com o sistema político da democracia representativa de raiz burguesa. É inegável que é impossível hoje projetar um modelo revolucionário que esqueça essencialmente este condicionalismo e esta influência social-democrata, que os seus herdeiros no entanto se encarregaram de destruir. O grande desafio de hoje é a síntese entre revolução e democracia, com resultado numa democracia mais avançada.
A América latina é radicalmente diferente. Foi construida num sistema ainda mais extremado do que na Europa de relações precapitalistas, em que a divisão de classes coincidiu com uma correlação estreita com relações colonialistas, de negros no Brasil, de índios na América espanhola. À mentalidade senhoril, depois burguesa, na Europa, somou-se, imbricadamente, uma ideologia esclavagista e racista.
A América latina é hoje muito diferente da Europa. É muito mais estratificada socialmente, com muito menor osmose, mantém um grande elitismo oligárquico, assenta ainda muito em modos de produção arcaicos que exigem uma mão de obra marginal e desprezada até mentalmente. 
Determinante é também um papel especial da pequena e média burguesia, com uma gratificação inexistente na Europa, a de ter abaixo de si uma enorme maioria de então escravos ou submetidos que, nos tempos modernos, é vista como “os pobres”. A classe média, desejosa de assimilação pela elite antes colonizadora (veja-se o paradigma da “gata borralheira” de classe pequena-média das telenovelas) odeia estes pobres da mesma forma que a classe branca pobre do sul dos EUA odeia os negros.
Como no golpe brasileiro, como na feroz e desonesta campanha de desinformação nas eleições que derrotaram o progressismo argentino, a situação venezuelana não é enquadrável nos arquétipos europeus, de conceitos e regras da democracia. De um lado e outro, não se respeitam as regras do nosso óculo, e não têm de ser respeitadas. Nisto, até concordo com a oposição venezuelana, responsável por tantas ações antidemocráticas quanto Maduro. Houve um processo histórico, o chavismo, que lesou os interesses oligárquicos. Reagiram contrarrevolucionariamente com “legitimidade histórica” (defesa de classe). O chavismo/bolivarianismo, com ou sem defeitos – e claro que com – defende-se e contra-ataca. C’est la vie! E é a história, que não é feita dos nossos esquemas mentais atuais.
Imaginem que, em 26 de abril de 1974, o MFA, muito democraticamente, tinha decidido que, um mês depois, haveria um voto popular para o legalizar. Imaginem que, em 26 de abril de 1974, o MFA, muito democraticamente, tinha decidido que, um mês depois, haveria um voto popular para confirmar a matriz ideológica do nosso povo, de dezenas de anos, legalizando ou não o PCP e outros partidos de esquerda radical. Imaginam? E não estou a fantasiar. É o que queriam Spínola e o grande democrata Sá Carneiro (grã-cruz da Ordem da Liberdade), na reunião da Manutenção Militar.
É claro que há princípios a sobreporem-se aos conflitos. Eu posso (e é mesmo) entender que só se vai onde desejo por via revolucionaria (o que não quer dizer armada e violenta, apenas sem respeito pelas regras do adversário). Mas, ao mesmo tempo e indissociavelmente, não querer que essa revolução viole direitos essenciais do indivíduo, a pretexto do maior valor dos direitos sociais. Pode ser uma compatibilização difícil, mas lutarei sempre por ela.
Outra coisa crucial é que a essencialidade da democracia deriva da igualdade dos cidadãos em termos de direito e capacidade de decisão política, necessariamente informada. É hoje, depois da introdução do quarto poder, o aspeto mais problemático, com a crescente, hoje já inadmissível, capacidade dos media e até das redes sociais para manipularem a consciência e autodeterminação individuais. No caso venezuelano, quem pode garantir que está bem informado? Eu, que bem o estudo, de certeza de que não estou.
Depois, a intervenção americana e de seus aliados, que obviamente não é transparente. Não me vou colocar na posição fácil de que a CIA explica tudo. Mas não é verdade de que eram acusados de facciosos e adeptos da teoria da conspiração os que denunciaram o dedo da CIA no golpe de Pinochet?
Afinal, estamos a ser vítimas de um condicionamento ideológico-mediático, maniqueísta, que nos põe perante uma escolha que ninguém parece discutir: democracia ou ditadura. Claro que não gosto de ditadura. Mas quando me contrapõem simplesmente democracia, quero saber o que é democracia. Eu sei que vivo numa democracia formal, amputada, esquecendo (ou à custa de) os marginalizados, feita para mim e para os meus iguais, os privilegiados.
É uma dualidade que se sobrepõe a todas as outras, para mim muito mais importantes. exploradores e explorados, capitalismo e socialismo, esquerda e direita, imperialismo e soberania.
Posso ser e sou muito crítico em relação às limitações dos processos progressistas da América latina e às suas limitações e contradições, de que o melhor exemplo, por que bem pagaram, foi o das condescendências do PT.  Mas tenho presente que a queda de um governo até errado, como o de Dilma ou Maduro, é o passo decisivo para a destruição de um projeto histórico importante. Assim, a minha crítica não é um disfarce para uma abertura aos que pretendem essa destruição, a pretexto da dualidade única imposta hegemonicamente de democracia-ditadura.
Há alturas em que não se pode ser neutro, muito menos quando essa neutralidade é hipócrita, escondida numa nuvem celestial que não tem a ver com o que se passa cá em baixo. Lembro, por exemplo, a atitude de não intervenção da Inglaterra e da França quanto à guerra civil de Espanha. O que está em causa agora, na Venezuela e em muita outra parte, não é democracia ou ditadura. É povo, explorados, maioria; ou oligarcas e privilegiados.