segunda-feira, 30 de maio de 2011

Como vou votar? (1)

Primeiro dos primeiros, claro que vou votar. Portanto, a abstenção fica fora desta conversa. Voto nulo é coisa de anarca que escreve no voto “merda para os políticos” ou de velhinha com catarata que põe a cruz como aquele impagável zarolho no “Há festa na aldeia”. Voto de zarolho mental é qualquer voto na santíssima trindade. Voto de pateta senil que me parece que ainda não sou é no semilha folclórico, no advogado proletariamente rico e com iate, nos diversos beatos “humanistas”.
Contas feitas, ficam três: PCP (não vou nessa de CDU), BE e branco.
Nas últimas legislativas, votei branco. Nessas, noutras atrás e provavelmente nas próximas, está no seu pleno direito, direito que cá em casa se discute com prazer intelectual, mas é tudo e nada de pressionar, quem me é mais também vota branco. Ainda vem ao caso um caro amigo, mcr, que já anunciou o seu voto branco. É um voto com grande valor ético-político, de desgosto expresso com a melancolia da nossa democracia, mas a um nível de superioridade talvez incompreensível para a generalidade das pessoas.
Simplesmente, para mim que já o usei com esse intuito, embora sabendo que a opinião publica manipulada não iria perceber o significado da percentagem do voto branco, a situação é diferente nestas eleições. Haja o que houver de reservas minhas em relação a partidos como o PCP ou o BE, e há muitas, quero centrar-me no essencial. Estamos em pleno processo de resgate e de sujeição aos ditames externos. Há três partidos que se apresentam com a diferença nebulosa de como cada um vai gerir o programa que lhes foi imposto. O programa é o da austeridade, do desemprego, da espiral de afundamento de défice e de recessão, da punição em juros e condições pelos acertadinhos do norte europeu, da vassalagem, da vergonha nacional.
Neste momento, contra isto, com todo o respeito pelos meus amigos - e ela mais do que amigos - do voto em branco, acho que há coisa que sobreleva: dizer não às trindades. O voto em branco dilui-se, nestas eleições, o seu significado a prazo fica esbatido na tensão do que está em jogo. Quem vota em branco, como eu tenho votado, vota nestas eleições pelo resgate FEEF/BCE/FMI ou pela sua recusa (a reestruturação da dívida)? “That is the question!”.
Portanto, para mim, inevitavelmente, PCP ou BE. Mas que dilema! Fica para próxima escrita.

1 comentário:

  1. Caro João Vasconcelos
    Creio que o dilema em que o meu caro se encontra é comum a muitos de nós.
    Estou exactamente com a mesma exitação.
    No PCP ainda lá tenho parte de mim. Apesar de há mais de 20 anos nele não votar. No BE nunca votei.
    Em branco só uma vez e num dos orgãos autarquicos.
    Cumprimentos
    Rodrigo

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