domingo, 8 de maio de 2011

"Sound bites"

Hoje foi dia de escrita gastronómica, sobre ostras, coisa boa em tempos de tristeza, porque “há vida para além da política”. No entanto, o Moleskine ficou ciumento e aqui lhe vou passar a mão pelo dito, em notas curtas.

1. Não consigo recordar-me de quem ouvi dizer isto, ontem ou anteontem: “Do que se trata é de escolher quem melhor pode executar o acordo”. Palavras mais para quê?

2. António Barreto diz que “José Sócrates, precisa de ser muito, muito severamente castigado e a melhor maneira de o castigar é através da via eleitoral. Ele necessita de ser muito severamente castigado porque ele é pessoalmente responsável pelo mau estado a que Portugal chegou, as finanças públicas e o Estado.” Arrogância de intelectual! Então Barreto não tem a atitude humilde de se curvar perante a eleição terceiromundista ou nortecoreana que consagrou o querido líder? ;-)

3. As sondagens estão a apertar a diferença entre Dupont e Dupond, mesmo a pôr o querido líder à frente. Não me rala muito, venha o diabo e escolha, mas, na sequência do que disse António Barreto e tendo em conta toda a experiência histórica recente, assim como a ideia de que o eleitorado sabe usar o seu voto para fazer justiça política, eu como observador objetivo e que pensa ainda não estar com demência, pergunto-me se este país não é um enorme Rilhafoles.

4. A Europa, que medo, ai se nos castigam e fecham a torneira do euro. Sobre isto, ouvi hoje Miguel Portas dizer uma coisa cristalina: “A Europa quer tudo menos problemas com o euro”. O que significa que, fosse a Senhora Merkel homem, até a podíamos agarrar pelos ...

5. A Grécia vai reestruturar? Lança o boato/ameaça numa sexta-feira, como se deve. Toda a Europa poderosa treme (ver ponto anterior) e convocam-se os ministros das finanças para reunião urgente. Tudo é desmentido, como faz parte do jogo. Mas, afinal, parece que pelo menos alguns ministros se reuniram mesmo. No meio desta história caricata, fica-me uma perplexidade. No Luxemburgo, minúsculo, nenhuma comunicação social, nenhum jornalista vivaço “free lancer” procurou obter uma foto, uma prova? Ou, como vemos cá, o “quarto poder” está castrado ou mesmo vendido? Já não há mais Bob Woodward e Carl Bernstein?

6. Pedro Passos Coelho: “No Governo ou vai estar o PS ou vai estar o PSD, não vamos estar os dois, não vamos estar os dois e ninguém diga que isto não é democrático. Quem vai escolher são os portugueses, não somos nós, mas é justo que os portugueses saibam que nós não nos adaptamos a tudo, nós não somos de borracha”. Veremos. Pela boca morre o peixe!

7. Numa entrevista a Miguel Portas, diz o jornalista entrevistador que “o Bloco tem apresentado alternativas ao resgate, nomeadamente a renegociação da dívida”. Nunca li tal coisa. O que o BE tem defendido é a auditoria da dívida, mas sem se comprometer com a sua consequência. Sobre a reestruturação, nada na moção A, que certamente vai ser a base do programa. Nada também no discurso de hoje de Louçã. Tudo o que ouvi foi a proposta de um caricato - porque financeiramente insignificante - mas propangandístico fundo para pagamento da dívida por cobrança à banca, aos grandes rendimentos, aos offshores. Ainda estamos em tempos em que “os ricos que paguem a crise” dispensava qualquer realismo político e económico?

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