Já aqui tenho dito que, hoje, um dos principais papéis dos economistas de esquerda, mais do que simplesmente se manifestarem como cidadãos com posição privilegiada, é fornecerem aos seus companheiros de luta, leigos, a informação técnica necessária para fundamentar uma opinião política. Peço-lhes hoje um trabalho destes.
No blogue de Yanis Varoufakis vem uma longa entrevista de James Galbraith (JG), agora novo co-autor da “proposta modesta”, sobre a Europa, a Grécia (e o Syriza), a Alemanha e a América.
Logo ao início, JG considera um erro, contra a verdadeira ideia de Keynes (?), que se contraponha ao austeritarismo o estímulo económico e a pretensão de voltar à inicial – considerada como normal – tendência de evolução do “output” potencial. A seguir, enreda-se, a meu ver de leigo, na discussão de constrições que impedem a luta pelo emprego, ao mesmo tempo que propõe alternativas de duvidoso realismo (novas formas de trabalho de serviços avançados, aumento de actividades não lucrativas, desfinancialização dos mercados de energia e de “commodities”, limitação dos efeitos da tecnologia na procura de trabalho, etc.), e enquanto considera ligeiramente a inevitabilidade de desemprego no sector manufactureiro.
Logo ao início, JG considera um erro, contra a verdadeira ideia de Keynes (?), que se contraponha ao austeritarismo o estímulo económico e a pretensão de voltar à inicial – considerada como normal – tendência de evolução do “output” potencial. A seguir, enreda-se, a meu ver de leigo, na discussão de constrições que impedem a luta pelo emprego, ao mesmo tempo que propõe alternativas de duvidoso realismo (novas formas de trabalho de serviços avançados, aumento de actividades não lucrativas, desfinancialização dos mercados de energia e de “commodities”, limitação dos efeitos da tecnologia na procura de trabalho, etc.), e enquanto considera ligeiramente a inevitabilidade de desemprego no sector manufactureiro.
A sua defesa de uma “terceira via” (instintivamente, detesto esta expressão!) parece-me mais uma versão do sonho com a fada europeista, em que, afinal, se baseia a “proposta modesta”. Parece-me reflectir, ao que sei, o posicionamento trotsquista e pró-Syriza de Varoufakis e, provavelmente, dos seus amigos e co-autores, como, aliás, expressamente manifestado nessa entrevista, com elogio à posição pró-europeia do Syriza e uma entusiasta admiração pessoal pelo seu líder, Alexis Tsipras.
Segundo JG, o estímulo não é alternativa imediata à austeridade. “A primeira necessidade é estabilizar o doente, que está à beira do colapso. Isto não significa estimular, não é regressar ao crescimento, ou regressar ao pleno emprego; é impedir um desastre que conduzirá à destruição da zona euro e à dissolução da União Europeia”.
Pergunto eu, ignorante: porque é que, para JG, mais importante do que resolver a crise dos periféricos é manter a todo o preço a integridade da zona euro? E é correcto afirmar que uma política de estímulos a curto/médio prazo é pseudo-keynesiana?
Com todo o respeito, não acompanho a sua proposição de que compete aos economistas fornecer aos seus "companheiros de luta" leigos "a informação técnica necessária para fundamentar uma opinião política", pelo menos em toda a sua potencial extensão. Isto se a entendi bem.
ResponderEliminarTal como está formulada, a proposição parecerá simétrica da que aparentemente inspira a tecnocracia dominante. Sem dúvida que a informação sobre os instrumentos e as leis da economia é tão essencial quanto o conhecimento dos factos em que se analisa o universo a que ela se destina. Sem dívida que a competência na análise e o rigor na execução são instrumentos indispensáveis da política (e não, como se usa dizer, "políticas", fragmentação mistificadora) proposta aos cidadãos, nos seus objectivos e executoriedade, com a credibilidade que há-de ser a sua nota distintiva.
Mas, insisto, a "economia dos economistas" deverá estar subordinada estritamente à política. Por mim, creio que há uma paleta infinda de feiticeiros e aprendizes de feiticeiro à disposição, prontos para secundar outros nas nossas tristes tradições de colocar a faca e o queijo nas mãos dos que não podem ter mais do que informar das alternativas e suas consequências.
Veja-se o debate sobre o euro e o futuro da União: quantas as opiniões sobre tal matéria, todas tão "fundamentadas" quanto divididas.
A parte relativa ao "creio que" pertence a todos e aos que os representem legitimamente.
Não aos feiticeiros do "regime", muitos deles estranhamente ligados numa vasta e iniciática família.