De qualquer forma, reconheço que o PS não sai mal de todo deste episódio. O PS, perante muitos eleitores “moderados”, continua a parecer defender princípios e propostas bem distintos dos da direita e deste desgraçado governo. E, ao mesmo tempo, dá imagem de sensato, responsável e cumpridor, com abertura ao diálogo. Afinal, tudo o contrário do que os meios de desinformação acentuam como características dos partidos de esquerda, PCP, BE e Verdes. Não faltará quem continue a falar de esquerda moderada e de esquerda radical. Claro que isso interessa ao PS, mas também à direita, embarcada com o PS no grande navio armado pelo capital.
Com o golpe de rins de hoje, o PS aparentemente ganha posição ao centro. Escapa, a curto prazo, à armadilha do compromisso com a direita, mas só o pode fazer afirmando diferenças, vincando a especificidade das suas propostas e acentuando as razões da rotura. Isto tem um lado perigoso: permitir aos eleitores um mais fácil escrutínio dessas propostas e aos partidos de esquerda a demonstração mais linear da incoerência das propostas.
O PS vence uma batalha no flanco direito mas abre nova luta no flanco esquerdo. Creio que esta vai ser mais determinante para o futuro a médio prazo do nosso processo político do que o episódio agora encerrado (se o PR o quiser dar por encerrado, do que duvido muito).
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