O que escrevi sobre o independismo e a FLA açoriana lembra-me velhas memórias. Np verão de 1975, os comunistas açorianos, com destaque para o Carlos Fraião, tiveram de passar à clandestidade, numa casa do meu ex-cunhado, joia de homem e generoso, o Zé Toste Rego. Não se sabia como tirá-los de lá mas a 2ª divisão soube que eu ia de férias e que, depois de alguns anos de ausência, já não era conhecido.
Falei com o Cmt Contreiras e estabeleceu-se um contacto formal com o Major (?) Cassorino Dias e, mais amigável, com o imediato da corveta que lá estava (não me lembro do nome). Tive logo uma péssima impressão de Cassorino Dias, creio que spinolista, arrogante, até malcriado. O comandante militar, julgo que Altino de Magalhães, não conheci, mas soube dele que era um viscoso, a fazer o frete aos senhores locais e ajudando à demissão de governador do irrepreensível democrata, meu caro amigo, António Borges Coutinho Foi, em 6 de Junho, a primeiro manifestação reaccionária do verão quente. O MFA tinha a traseira desguarnecida.
Consegui a protecção do exército para a evacuação dos meus camaradas, mas sob insultos. Do jovem tenente da Armada, hoje esquecido, fiquei amigo até ao fim das férias, um drink todas as noites em casa dos meus sogros. Se ele está a ler isto, agradeço o contacto.
Mas tudo isto vem a propósito do que julgo ter sido alguma falta de cuidado do MFA com a colocação de militares nas ilhas, nomeadamente nos Açores. Era um terreno estratégico e facilmente utilizado pelos EUA e pela NATO para combater a revolução.
O meu grupo de liceu foi fortemente influenciado pelo Melo Antunes. Reuníamos sob evidente tutela dele e do António Borges Coutinho, no grupe do Gil. Mais tarde, já universitários e com ligações partidárias feitas na universidade, as discussões eram mais sérias mais vivas, mas com grande cordialidade. E a traduzirem-se na acção, nas semanas de estudos açorianos e depois na CDE de 1969, em que não participei por ter sido chamada para o Alfeite, para a Reserva Naval.
Entre 70 e 73, o Chile era conversa permanente e nela a comparação com a situação geoestratégica de Portugal, nomeadamente o seu papel de peão mas também com o seu porta-aviões atlântico. Será que o MFA cuidou bem disto?
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