1. O aparelho oficial, do governo e sua corte, embandeira em arco com os últimos indicadores, referentes ao último semestre de 2013. Ficando-nos agora pelo PIB, é inegável algum progresso: aumento em cadeia de 1,7%; variação homóloga de -1,4%, quando tinha sido de -3,2% em 2012. Mas não me parece que a análise seja assim tão simples.
O fundamento da política oficial europeia de austeridade, de raiz ordo ou neoliberal, vem da arcaica lei de Say – agora celebrada por Hollande – que postula que o motor do crescimento económico é a oferta e não a procura. Para tornar competitiva a oferta, no caso das exportações, não podendo cada país europeu recorrer à desvalorização da moeda, procede-se à desvalorização interna, isto é, a redução do preço do trabalho. Só assim é que, segundo os austeritaristas, a sua política pode ser de “austeridade expansionista”, fornecendo em paralelo meios para a resolução do problema da dívida e do défice.
A ser assim, alguma coisa está mal na situação do último trimestre. Como se vê no gráfico, o que evoluiu favoravelmente e de forma muito significativa foi o peso da procura interna. A procura externa, a que, grosso modo, correspondem as exportações, estagnou. Como se explica o aumento da procura interna? Talvez haja mais razões, mas parece-me bem que é caso para dizer que a economia (e as pessoas que a vivem) têm razões para estarem gratos aos travões à austeridade, entre os quais o Tribunal Constitucional.
2. De que depende a sustentabilidade da dívida? Elementar. Sendo uma fracção, dívida como percentagem do PIB, este em denominador, o valor é tanto maior quanto o PIB for menor. Depois, depende do montante a pagar ao longo dos anos (maturidades), das taxas de juro a agravar o pagamento e do saldo orçamental primário, sem os juros, isto é, o que fica disponível para ir pagando a dívida e os juros (o serviço da dívida).
Não percebo muito bem como se fixa um critério para a sustentabilidade da dívida. Palpita-me que é um pouco arbitrário. O célebre critério de 90% do PIB derivado do estudo de Reinhart e Rogoff caíu em desgraça. Ficou o critério de Maastricht, mais restritivo, de 60%. Vamos admitir, porque o Tratado orçamental nos prende a ele, enquanto não quebrarmos essa prisão.
Para isso, há muitos cenários, mais ou menos irrealistas, para se chegar à conclusão de quantos anos serão necessários para, invertendo a tendência para subida da dívida, agora 129,4% do PIB, se chegar àquele limite. Por exemplo, o FMI calcula que será de 115% do PIB em 2019, desde que as taxas de juro andem por 3,5-4%, que o saldo primário vá de 1,9% em 2015 até 3,2% em 2019 e que o PIB nominal (PIB real mais inflação) cresça em média 1,5% ao ano. O que não leio no cenário do FMI é o prazo para se atingir o critério de Maastricht.
No último fim de semana, Cavaco Silva também fez contas, segundo as quais ficaríamos obrigados a mais austeridade e sacrifícios por a garantia da sustentabilidade da dívida só se atingir daqui a 21 anos, desde que se garanta um aumento anual de 4% (!) do PIB nominal e de 3% do saldo primário. Já para Passos Coelho e sua gente as coisas são muito mais simples: a dívida já é sustentável (só não se percebe é para quê, então, mais austeridade).
Mestres/elite em economia (com o silêncio cúmplice de muitos outros mestres/elite em economia) enfiaram-nos autoestradas 'olha lá vem um', estádios de futebol vazios, nacionalização do BPN, etc, etc, etc...
ResponderEliminar-» Ora, como é óbvio, quem paga (vulgo contribuinte) não pode continuar a ser 'comido a torto e direito'... leia-se: quem paga (vulgo contribuinte) deve possuir o Direito de defender-se!!!
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-» Votar em políticos não é (não pode ser) passar um cheque em branco... isto é, ou seja, os políticos e os lobbys pró-despesa/endividamento poderão discutir à vontade a utilização de dinheiros públicos... só que depois... a 'coisa' terá que passar pelo crivo de quem paga (vulgo contribuinte).
---> Leia-se: deve existir o DIREITO AO VETO de quem paga!!!
[ver blog 'fim-da-cidadania-infantil'].
NOTA: o contribuinte agradece que sejam apresentadas propostas/sugestões que possibilitem uma melhor gestão/rentabilização dos recursos disponíveis... ou seja: em vez de propostas de aumentos... apresentem propostas de orçamentos!
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---» Resumindo: O REGABOFE NA DESPESA/ENDIVIDAMENTO TEM DE ACABAR!...