O Público traz hoje um artigo, “Quando os ventos do exterior acabam com as intenções de reforma" que, com aquele abuso frequente de aparentes coincidências forçadas, compara três anos, 1973, 1993 e 2013. Creio que o autor, Sérgio Aníbal, escreve regularmente sobre temas económicos, devendo portanto ter formação nessa área. A sua tese, neste artigo, é que os governos desses três anos (Marcelo Caetano, Cavaco Silva e Passos Coelho) eram ou são reformistas que não conseguiram essas reformas por causas externas.
Vou comentar só o caso actual, referindo o que se escreve no artigo:
“Passos Coelho tem anunciado, para o seu mandato, objectivos reformistas para economia, reduzindo o peso do Estado e liberalizando os mercados de produto e de trabalho. As próprias exigências da troika conduzem o Governo para esse rumo. Mas são cada vez maiores as dúvidas de que o actual Governo possa prolongar o seu mandato num cenário de crescimento negativo ou quase nulo e de desemprego elevado.Se após as crises do início dos anos 70 e 90 do século passado Portugal conseguiu regressar a taxas de crescimento elevadas e taxas de desemprego reduzidas no espaço de dois ou três anos, agora poucos são os economistas que arriscam fazer previsões tão optimistas. Apesar de anteciparem uma variação positiva do PIB em 2014, nem mesmo o Governo e a troika apontam para taxas de crescimento do PIB elevadas, superiores a 2%, pelo menos até 2016. E a taxa de desemprego, neste momento nos 15,6%, dificilmente conseguirá cair num curto espaço de tempo, para os valores do passado.Será este um dos paralelos que se pode encontrar entre 1973, 1993 e 2013: políticas de inspiração reformista interrompidas pela realidade internacional e interna?”
Espantoso! Quais são os objectivos de reforma deste governo que tenham sido contrariados por factores externos, nomeadamente pelas imposições da troika? Só se for o governo ainda querer ir mais longe do que a troika acha “razoável e prudente” no empobrecimento, no desemprego, na destruição do estado social, nas privatizações, na austeridade recessiva, na desvalorização interna, na diminuição do PIB, no aumento da dívida, nos juros altos. Um governo reformista? Se o jornalista acha que sim, muitos portugueses certamente não desejam essa reforma.
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