terça-feira, 19 de junho de 2012

Chegando à Madeira...

Titula hoje o Público que, na Madeira, o “Instituto do Desporto concedeu mais de meio milhão em subsídios depois de ser extinto”.
É um exemplo de notícia tiro-no-pé, por incompetência e ignorância, que só serve os adversários, permitindo-lhes respostas desonestas mas formalmente corretas.

Jardim dirá "é mentira, não foi depois de o IDRAM ser extinto". É o chamado "raciocínio lateral". É coisa típica da esquizofrenia. Lembro-me de um bom exemplo. X, "ontem fizeste esta coisa execrável, isto e mais isto".  Y, "não é´verdade, estás a mentir". X, "como é que não é verdade, em que é que estou a mentir?". Y, "porque não foi ontem, foi anteontem". Nunca vos aconteceu isto? E nunca viram políticos a usar este truque desonesto (se não forem esquizofrénicos, caso em que é desculpável)?
Havia na Madeira um instituto público de apoio ao desporto (IDRAM), que financiava  a relação reles entre governo regional e clubes. Com o resgate da dívida madeirense, o governo jardinesco comprometeu-se a extinguir o IDRAM, o que fez. Simplesmente, segundo a notícia e para entendimento de gente honesta que não percebe os tais "raciocínios laterais", pagou aos clubes, já depois da extinção (de facto mas não "de jure", e esta é a questão!), uma pipa de massa.
O Governo regional propõe à Assembleia legislativa a extinção do IDRAM em 16 de Abril. A proposta é aprovada pela Assembleia em 30 de Maio. Entretanto, o governo jardinesco aprovou financiamentos de centenas de milhares de euros, com data de 7 de Maio.
Querem pôr isto em tribunal? Tudo legal, se olharmos para as datas. Tudo execrável, se olharmos para os factos. Mas como é que há gente a reclamar um braço forte da justiça, a corrigir esta perversão da democracia e da decência, se isto se confronta com tão desavergonhada desfaçatez legal?
Não precisamos de mais leis, de bom funcionamento da justiça, de procuradores ou bastonários justicialistas. Como em tantas coisas da nossa vida, fomos formatados para não discutir a lei, quando a lei é apenas a codificação da relação de poderes sociais, extremada em situação revolucionária. E é a que estamos a viver. Venha mas é o direito revolucionário.
Jardins, Isaltinos, Oliveira e Costa, muitos mais, servem para conversa de café, “safam-se sempre”. A verdadeira conversa devia ser que a justiça faz parte lógica desta ordem social em que vivemos, que primeiro devemos aprisionar essa gente e depois definir as leis que deem cobertura à revolução.
Isto faz-me lembrar um coisa que uma vez me disse o meu “patrão”, Azeredo Perdigão: “meu jovem amigo, faça na política aquilo que eu sempre fiz no direito. Resolvo a causa segundo o meu bom senso e os meus valores morais e só depois vou estudar os códigos para ver como fundamentar a minha decisão”. 
NOTA - Mais uma vez, na base desta nota, na sua lógica, na sua estrutura mental, está o “velho filófoso renano”. Lembrando Pessoa e com muito respeito por Jesus Cristo, o filósofo renano tinha biblioteca (ou ia para Russel Square) e sabia de finanças. Por isto era perigoso, era assim que o citavamos nos tempos da noite. Sinto que hoje tenho de voltar a fazê-lo, para que muitos leitores arrebanhados pela ortodoxia ideológica não mudem logo de página. Ao que chegámos!

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