quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Renego esta "esquerda"!

Se alguém tem dúvidas sobre a raiz do mal, sobre o reino de trevas que a besta apocalíptica está a construir, sobre toda a sabedoria oculta que dos templários às sociedades secretas manda hoje em Davos, sobre tudo o que ignoramos de ensinamentos de Dan Brown e de José Rodrigues dos Santos (hélas, também de Fernando Pessoa), leia-se isto.
“Todos os antecedentes desta Nova Era estão lançados ou funcionam já. Há políticas altamente complexas, como as que intervêm na crise financeira internacional, no terrorismo, nas área do gás e do petróleo, etc., que necessariamente estão a ser já coordenadas por um único governo oculto. As grandes disputas financeiras que convergem nos benefícios das grandes fortunas e nas mega fusões, nas troikas ou nas guerrilhas entre os mercados denunciam a existência actual de gigantescas centrais capitalistas articuladas entre si.”
E mais:
“A rede conspirativa que se vai instalando na terra tem claramente origem em formações capitalistas proclamadamente religiosas. Basta olhar-se para o esquema organizativo que vai chegando ao conhecimento público para nele se reconhecer a mãozinha sinuosa dos jesuítas e dos illuminati maçónicos.”
E ainda:
“Dá-se como certo que na base deste tenebroso programa final figuram os sionistas, o Vaticano e a Maçonaria. Nada custa a crer que assim seja: o plano actual da Nova Era tem as marcas do «Apocalipse», das ambições planetárias ilimitadas dos grandes estados ocidentais, das alfurjas das caves do Vaticano e da Maçonaria e das tenebrosas ordens secretas, laicas ou religiosas.”
O artigo começa por uma epígrafe misturando, em monstruosidade intelectual, três citações, uma de Engels (ao menos não foi de Marx, muito mais meu querido),  outra dos “Protocolos dos Sábios de Sião”, outra de Bento XVI.
Sabem certamente o que é o tal “protocolo”:  uma coisa indigente, rupestre, que foi um dos pilares do anti-semitismo nazi. Datava de bastante antes, coisa forjada pela polícia secreta do czar, a justificar os pogroms. Depois, o holocausto. E depois, segundo este articulista?
Mas onde é que este vómito, de um tal Jorge Messias, foi escrito? Quero crer que não vos passa pela cabeça: no número 1978, de 27 de outubro de 2011, do Avanteo órgão oficial do PCP.

P. S. - Há poucas pessoas, e sempre de grande nível, que me despertam "mixed feelings". Cunhal, que só conheci distantemente (como quase todos os membros do PCP da minha geração), é uma delas. Talvez esteja a ser ingénuo mas parece-me que, com ele vivo e atuante, um artigo destes nunca teria passado. Sinais dos tempos. Não é que todo o estilo e esquema cunhalista não devesse ter sido substituído, mas o problema é que a substituição deixou quase tudo na mesma sem alguns aspetos de grandeza que havia.

1 comentário:

  1. Realmente, é de chorar de desespero. Será um sinal do demónio, só para nos provar que a história se repete mesmo e que vem aí algo parecido com o que já aconteceu? Mas duvido que desta vez se trate de uma farsa.

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