quarta-feira, 23 de março de 2011

Assis, Egas Moniz

Patético, mesmo "pathos", mas à portuguesa, aparente drama que afinal é farsa, "tudo isto é fado". Acabei de ouvir Assis (o homem lembra-me sempre o Doutor Assis, livro tão engraçado mas fora do mercado). Quando, estrategicamente, o PS precisa desesperadamente de se libertar de Sócrates, quando Assis podia ser, não para meu gosto, uma alternativa, o homem encerra o debate de hoje, em nome do PS, com a mais humilhante declaração de vassalagem ao chefe. Assis teve hoje o seu episódio monizino, de baraço ao pescoço, mas sem grandeza, porque não tinha nenhum grande príncipe por quem oferecer o pescoço.

Tenho amigos no PS que muito prezo. Ainda por cima, gente inteligente, com traquejo político desde a nossa juventude "associativa". Tenho apelado a eles e, privadamente, respondem-me mas, em geral, com coisas que me desgostam, "não há nada a fazer, o homem controla tudo".

Já aqui tenho evocado o exemplo da saída da crise partidária em Itália. E não só. Por toda a parte na Europa, e a começar com a terceira via de Blair, que até o nível intelectual de Giddens não devia ter avalizado, o "socialismo" acabou em triste degradação. Craxi refugiado da justiça na Tunísia que agora se libertou. E para onde irá Sócrates, na viragem para um "mãos limpas" em Portugal?

Mas há espaço e futuro para um "mãos limpas"? É o que gritam na rua os 12/3, é o que se lê por toda a net. As pessoas querem limpeza, querem o fim da corrupção, querem justiça. Mas no fim não acabam com um Berlusconi?

P. S. - Os episódios de hoje das saídas e ausências na bancada do governo foram do mais execravelmente rasteiro, rasca, que já vi na vida política. É mesmo de quem se educou a usar fatinho e gravata com sapatilhas.

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