Até em termos de campanhas eleitorais estou a ficar velho. Onde já vão os grandes comícios? Hoje vi de relance - porque TV para mim é coisa triste que só de relance - apenas um comício do PS em Évora. Ando tão longe destas coisas que fiquei embasbacado por o jornalista ter dito que hoje era desafio para os partidos fazer um comício condigno na pequena praça do Giraldo. De facto, o comício do PS não teria mais do que duas ou três centenas de pessoas.
Até aqui, nada de especial. O notável neste caso é que quase toda a assistência era de origem africana. A coisa é primária, politicamente rupestre. Passos Coelho afirmou que era o mais africano dos políticos portugueses, por ser casado com uma guineense. Coisa lamentável, usar para fins eleitorais uma situação privada, ainda por cima politicamente irrelevante. Claro que, igualmente deselegante, houve logo aproveitamento bloguístico dos escribas na net comandados pelo aparelho socrático.
Gabe-se o sentido de dever dos manifestantes. Todos bem arregimentados, organizados por autocarros, T-shirt e boné de uniforme, saco de plástico com o lanche fornecido, mas cumprindo bem o seu dever de gritos e slogans. Gente honesta, mais cumpridora do que nossos patrícios que tenho visto igualmente mobilizados para coisas destas.
Pior foi ter ouvido, com estes ouvidos que ainda não me falham, um manifestante, de nacionalidade moçambicana, afirmar ingenuamente que tinha sido recrutado pela sua embaixada. Quero acreditar que é engano, que o homem ao dizer embaixada está a falar em alguém que ele conhece da embaixada e que está a colaborar com o PS nesta arregimentação tropical. Mas é coisa suficientemente séria para questionar formalmente tanto o PS como a embaixada de Moçambique: está a haver alguma relação entre o PS e a embaixada de Moçambique nesta campanha?
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