quinta-feira, 5 de maio de 2011
Enganei-me ao votar?
Nas presidenciais, votei em Manuel Alegre. Mais, até pertenci à sua comissão nacional. Leio agora (Diário Económico) que, para Alegre, "Dentro de um facto negativo, que foi a necessidade de Portugal recorrer à ajuda externa, as linhas de orientação agora anunciadas pelo primeiro ministro são globalmente positivas". Manuel Alegre, pode fazer-me o favor de devolver o meu voto?
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As linhas de orientação não são do 1º M mas da troika. E. para o que se esperava e temia, são até menos gravosas.
ResponderEliminarO país estava (está) na bancarrota. Se daqui a dias o dinheiro faltass não sei como pagaríamos coisas tão simples como comida, petróleo, matérias primas para fazer laborar as empresas que ainda trabalham. É coisa de que nos esquecemos com muita facilidade. Se é a isso que Alegre se refere, tem razão.
O que não impede de tentar agora tirar as consequências do desastre. Como é que aqui viemos parar? A culpa foi obviamente dos dez quinze anos de tolice (em que o PPD também meteu a pata). Andámos a fazer coisas extraordinárias desde duplicar auto-estradas, projectar TGVs ou comprar corvetas e submarinos.
com a cumplicidade de todos quantos viam nisso mais emprego...
Eu sei que agora é terrivel baixar o tempo do subsídio de emprego, recortar prestações sociais mas já não sei se havia muito mais medidas para, sem ferir isso, continuar de pé.
alguém me diz que é preciso fazer os ricos pagar a crise e artrar forte e feio na banca. De acordo se: a) conseguirmos que os ricos cá fiquem para pagar b) conseguir que a banca continue a financiar as despesas dos cidadãos desde a prestação da casa até à educação dos filhos.
que obviamente a fiscalidade atinge sobretudo a classe média é um facto. que isso vai doer, não duvido. Mas eu espanto-me ao ver, como todos vimos, meio mundo a gozar as mini-férias de Páscoa no Algarve ao mesmo tempo que as agências de viagem juravam a pés juntos que continua(v)am a ter o pacote de férias de verão no estrangeiro superlotado. anda aqui algo errado. De onde vem todo esse dinheiro? qual é a percentagem de economia submersa entre nós? (e já agora... a da corrupção?)
Por outro lado, nem Alegre vê outra saída. Será que ela existe? E, existindo, será mais ou menos dolorosa? Nem falo dos ricos mas da classe média toda ela ela. dos trabalhadores industriais, dos pequenos mesteres, dos pequenos empresários, dos pequenos comerciantes e industriais, dos poucos camponeses que restam, enfim de todos quantos ganham entre 500 e mil e quinhentos euros mês. Alegre entende que deve continuar a tentar manter o PS a navegar. E que este sócrates não pode ir ao fundo sob pena de levar com ele o partido. Eu, pela parte que me toca penso que assim não me apanham o voto. Mas a coisa é mais funda: há que rever o sistema de alto a baixo. Extinguir concelhos; mudar as regras de distribuição dos deputados, sou pelo deputado único e contra as listas. com listas nunca mais elegeremos gente de confiança pois o peso dos aparelhos é superior ao dos votos. acabar com os executivos camarários multipartidários. R
racionalizar o aparelho de Estado. Privatizar o que não é essencial ao Estado. acaso na Europa existe tanta interferência do Estado em coisas como a energia eléctrica ou a água e o gás? reformar de alto a baixo as tolices autonómicas da Madeira e Açores. E por aí fora.
Já vimos que assim não vamos lá. Vamos tentar de outra maneira a ver se pega. Ou então entregamo-nos aos credores (como quase já nos entregámos) e pedimos para ser um protectorado da Europa, uma reserva de macacos ou emigramos todos. O problema é saber se nos aceitam!
Meu caro amigo, vamos ao essencial da minha nota, o que disse o Manuel: "Dentro de um facto negativo, que foi a necessidade de Portugal recorrer à ajuda externa, as linhas de orientação agora anunciadas pelo primeiro ministro são globalmente positivas"
ResponderEliminar"Facto negativo" - claramente de acordo.
"a necessidade de Portugal recorrer à ajuda externa" - é o que diz o discurso oficial. Que Alegre demonstre essa necessidade. Já agora, também tu, ó brilhante meu amigo da escrita e da verve política, mas talvez não tão brilhantemente economista. Eu posso adiantar dezenas de artigos em contrário, por exemplo a defender a alternativa de se ir imediatamente para uma reestruturação da dívida.
"as linhas de orientação agora anunciadas pelo primeiro ministro são globalmente positivas" - afirmação espantosa! nem comento. É coisa de quem não nem leu o acordo e, se o lesse, provavelmente não teria capacidade de cultura económica para o compreender. Na nossa próxima cervejada, vais ter de pagar ouvir-me comentar o acordo ponto a ponto :-)
Claro que tudo isto não mancha o que de afetivo temos de manter, a memória da nossa geração, o papel do Manuel Alegre. Mas a política hoje só pode ter de romantismo o toque subtil de tempero que faz a qualidade de um bom cozinheiro.