Primeiro dos primeiros, claro que vou votar. Portanto, a abstenção fica fora desta conversa. Voto nulo é coisa de anarca que escreve no voto “merda para os políticos” ou de velhinha com catarata que põe a cruz como aquele impagável zarolho no “Há festa na aldeia”. Voto de zarolho mental é qualquer voto na santíssima trindade. Voto de pateta senil que me parece que ainda não sou é no semilha folclórico, no advogado proletariamente rico e com iate, nos diversos beatos “humanistas”.
Contas feitas, ficam três: PCP (não vou nessa de CDU), BE e branco.
Nas últimas legislativas, votei branco. Nessas, noutras atrás e provavelmente nas próximas, está no seu pleno direito, direito que cá em casa se discute com prazer intelectual, mas é tudo e nada de pressionar, quem me é mais também vota branco. Ainda vem ao caso um caro amigo, mcr, que já anunciou o seu voto branco. É um voto com grande valor ético-político, de desgosto expresso com a melancolia da nossa democracia, mas a um nível de superioridade talvez incompreensível para a generalidade das pessoas.
Simplesmente, para mim que já o usei com esse intuito, embora sabendo que a opinião publica manipulada não iria perceber o significado da percentagem do voto branco, a situação é diferente nestas eleições. Haja o que houver de reservas minhas em relação a partidos como o PCP ou o BE, e há muitas, quero centrar-me no essencial. Estamos em pleno processo de resgate e de sujeição aos ditames externos. Há três partidos que se apresentam com a diferença nebulosa de como cada um vai gerir o programa que lhes foi imposto. O programa é o da austeridade, do desemprego, da espiral de afundamento de défice e de recessão, da punição em juros e condições pelos acertadinhos do norte europeu, da vassalagem, da vergonha nacional.
Neste momento, contra isto, com todo o respeito pelos meus amigos - e ela mais do que amigos - do voto em branco, acho que há coisa que sobreleva: dizer não às trindades. O voto em branco dilui-se, nestas eleições, o seu significado a prazo fica esbatido na tensão do que está em jogo. Quem vota em branco, como eu tenho votado, vota nestas eleições pelo resgate FEEF/BCE/FMI ou pela sua recusa (a reestruturação da dívida)? “That is the question!”.
Portanto, para mim, inevitavelmente, PCP ou BE. Mas que dilema! Fica para próxima escrita.
Caro João Vasconcelos
ResponderEliminarCreio que o dilema em que o meu caro se encontra é comum a muitos de nós.
Estou exactamente com a mesma exitação.
No PCP ainda lá tenho parte de mim. Apesar de há mais de 20 anos nele não votar. No BE nunca votei.
Em branco só uma vez e num dos orgãos autarquicos.
Cumprimentos
Rodrigo