sexta-feira, 8 de abril de 2011

O congresso do PS

“Eu não tenho medo das eleições nem do julgamento democrático dos portugueses”, disse Sócrates. Patético (e, pensando em patético-cómico, vou esquecer o “patriarca" Almeida Santos e o seu delirante discurso, coitados dos velhos, lá chegarei eu espero que só daqui a muitos anos). Toda a sala do congresso do PS se levantou em grande aplauso à declaração de que não tenho medo, porque ser teso, dito lá no Norte, é coisa bem são-mamedense, contra os mouros, lisboetas e elitistas (lembram-se?). 

Mas também não se esqueça que, à portuguesa, ser teso é "agarrem-me, senão eu mato-o", o mais ridículo provérbio definidor de nós próprios.
Visivelmente, os grandes segundas-linhas, Assis, Costa, César, outros, (curiosamente, não vi Seguro) armaram o mais feliz e respeitador sorriso. As facas afiadas estão ainda embainhadas. Na ordem das prioridades desses senhores, os interesses nacionais vêm no fim, os partidários antes, muito antes os pessoais.
Vejo ali à frente, com desgosto, o meu velho amigo Jaime Gama, pinto da minha mesma capoeira política micaelense, a fazer o frete. Ao menos, não vejo outro pinto da mesma ninhada, José Medeiros Ferreira. 
O discurso de Sócrates é, como esperava, a abertura da sua campanha eleitoral, como candidato a primeiro ministro. Ninguém no PS percebe a estupidez catastrófica deste delírio egocêntrico de um psicopata que vai destruir o PS? E é que já me começa a interessar diretamente este assunto, porque o PS - este outro - é indispensável para a solução de esquerda que espero.

O que não pode é ser o PS que se levanta aos gritos e aos aplausos em grande quando Sócrates pergunta (é verdade, inconcebível, passou-se ontem esta aclamação do chefe) "Está comigo todo o PS?". Um grande partido de muita gente respeitável, democrata, cidadã, republicana, transformado em máquina de propaganda e poder pessoal de um homem medíocre. Custa a ver, mesmo a um adversário (não um inimigo).
Mas, afinal, devia estar a ligar a isto? Para bom teatro, pago, com gosto, sem precisar de congressos partidários.

P. S., 9.4.2011 - E até Manuel Alegre, que se devia resguardar porque a possibilidade de entendimento à esquerda, necessariamente a alargar-se para o seu lado, lhe abre boas perspetivas, acaba por se comprometer neste congresso unanimista. “Sublinhou ainda o seu apoio à liderança do PS, afirmando que será eventualmente com José Sócrates que o PSD terá de se entender” (TSF).

2 comentários:

  1. Porque não hão-de eles tentar fugir à seringa se até Cristo pediu "Pai, afasta de mim este cálice!

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  2. Mas o Sócrates morreu foi com cicuta, não com "vinho tinto de sangue" :-)

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