O que se pode esperar da sua ação? Não vou citar nomes, até porque quase todos são meus amigos pessoais, mas é coisa essencial no contexto destas conversas sobre o CDA. Desde logo, começo por dizer que tive pena de não os ver lá.
Em relação ao PS, é claro que o CDA foi uma comédia de enganos. O congresso apelou à unidade de esquerda. O congresso proclamou a urgência de eleições antecipadas. O congresso teve como posição firme que a alternativa de esquerda a sair dessas eleições devia comprometer-se com a denúncia do acordo com a troika e com a renegociação imediata da dívida.
Entretanto, na véspera, Seguro tinha afirmado perentoriamente que o PS nunca poria em causa os compromissos com a troika, nem a permanência no euro, nem o compromisso da dívida. E o PS não apoiou as moções de censura.
Então qual é a alternativa eleitoral, dentro de um ano ou dois?
Claro que há uma resposta ambígua, incerta, mas verdadeira para quem perfilha um sentido dialético da história. Estamos a viver um processo muito acelerado de mudança das relações políticas, do confronto entre política convencional e política de massas. A própria hegemonia, até há pouco dominante da direita, está a abrir brechas, até por personalidades eminentes de direita. Quem sabe se disto tudo nascerá em breve coisa nova? Se da convergência da rua e de iniciativas como o CDA não emergerá qualquer coisa?
Até pode acontecer que as coisas evolvam faseadamente. Um dos cenários que me parece provável é que, em próximas eleições provavelmente antecipadas, ganhe o PS. Como provavelmente será sem maioria absoluta, fará compromissos com a direita e irá alegremente pelo caminho do PASOK. Então, serão as eleições seguintes, também provavelmente antecipadas, à grega, a dizer alguma coisa, depois de toda uma grande agitação social por o nosso PASOK só ter agravado a crise, por cobardia genética.
Alternativa? Um novo partido? Aqui é que penso nos nossos marginais do PS. Com características diferentes, houve duas grandes surpresas no quadro recente europeu dos partidos: a Esquerda Democrática grega e o Partido de Esquerda francês. Característica comum é terem sido feitos a partir de dissidências de gente com posições importantes, influência, meios financeiros e técnicos, de deputados.
Em Portugal, os meus amigos PS contestatários remeteram-se ao papel de figuras intelectuais, simbólicas, respeitadas, mas sem meios. O aparelho ri-se deles. Mesmo Manuel Alegre não conseguiu mobilizar forças organizadas e eficazes no PS, caindo na dependência do BE.
No entanto, este CDA trouxe-me uma surpresa. Uma excelente intervenção de Pedro Delgado Alves, socialista, deputado. Atenção, não é qualquer um, é o dirigente máximo da JS! Vamos ficar atentos. Seguro que se cuide.
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