Nenhum meu leitor fiel - se é que mereço tal honra - duvida da minha simpatia pela reestruturação da nossa dívida. Insisto sempre que reestruturação, para mim, é muito mais do que aquela coisa bem comportada, de devedor de chapéu na mão, a pedir um favorzinho ao patrão, de que falam alguns “renegociadores”. Mas estou aberto a toda a discussão, até porque, como escreverei um dia destes, espero que os meus amigos economistas me esclareçam muitas dúvidas técnicas que tenho sobre a reestruturação e os seus custos (embora convencido de que estes custos são menores do que os da espiral recessionista do resgate da “troika”).
Neste sentido, não resisto a transcrever um comentário invulgar da blogosfera. É uma resposta a um “post” dos Ladrões de Bicicletas, “O que fazer com esta dívida? O que é a auditoria e como se faz”, de José M. Castro Caldas. O autor do comentário, com pseudónimo “Louva a greve permanente em Deus” e visivelmente um latinoamericano de escrita, com uma intervenção na net muito curiosa mas a precisar de mais atenta análise, escreve o seguinte, a fazer pensar. Não subscrevo inteiramente o comentário, mas repito que me parece merecer reflexão.
“Reestruturação da dívida num país com os recursos geológicos e sílvícolas y agro-industriais do Equador e de moneda autónoma não é o mesmo que fazê-lo num país cheio de burguesitos assoberbados pela sua importância que nunca trabalharam grande coisa na sua vida e raramente passaram dificuldades.
É um pouquinho diferente.
Não esquecer que Portugal não tem fome há 65 anos e fome não é passar duas semanas sem comer."
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