1. Segundo o Público, referindo-se às Grandes Opções do Plano,
“O Conselho Económico e Social (CES) avisa que o agravamento da Taxa Social Única dos trabalhadores (TSU) de 11% para 18% irá penalizar "fortemente" a procura interna", contribuir para a quebra das receitas fiscais e que se corre "o risco de uma espiral recessiva" nos próximos anos em Portugal.
(…) Os parceiros sociais lamentam que o executivo não apresente "nenhum impacto [da subida da TSU] no que se refere aos efeitos na procura interna" e, consequentemente, não tenha em conta os seus efeitos nas receitas do Estado. "Tendo em conta a experiência recente, não é feita a análise da incidência desta medida na degradação da receita fiscal e consequentemente no défice das administrações públicas."
O quê? O governo, o brilhante economista Gaspar, não entraram em conta com o que o senso comum de tanta gente não economista, eu incluído, faz logo pensar, em relação a uma economia muito mais dependente da procura interna do que das exportações? Que o hipotético efeito da redução da contribuição patronal, em termos de competitividade exportadora, é mais do que anulado pela retração da despesa de todos os que viram o seu poder de compra diminuído em 7% pela subida da TSU? O ódio dos neoliberais a Keynes é assim tão cegante? Não dá para acreditar!
2. Também no Público,
O ministro das Finanças elogiou esta quarta-feira a “tolerância e maturidade” dos manifestantes contra as medidas de austeridade e sublinhou que a troika sairá mais depressa de Portugal se o programa de ajustamento for concluído. (…) O ministro defendeu que para terminar a intervenção externa da Comissão Europeia, BCE e FMI, “a única hipótese é concluir com sucesso o processo de ajustamento, para não ser necessário mais tempo”. Tudo o resto, advertiu, “só fará a troika ter de ficar mais tempo em Portugal”.
Surrealista! Como, para Gaspar, a manifestação era pela saída da troika, vá de virar completamente a argumentação, apoiar a sua saída, “como os manifestantes”, mas por rápida e dura aplicação do programa da própria troika. Ela vai sair quando já lhe tivermos dado tudo.
Gaspar não pode ser tão obcecado que não tenha ouvido, nas reportagens sobre as manifestações, que os clamores mais fortes não eram contra a troika, eram a mandar para a rua o seu governo, eram a chamar-lhe ladrão (ouvi muitos a mudarem o “l” para “c”). Está a brincar conosco, a ofender a nossa inteligência? Não dá para acreditar.
“Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?”
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