segunda-feira, 2 de abril de 2012

Praxe


Vou continuar ainda hoje com coisas da vida universitária, que muito me motivam. A foto ilustra bem, nenhum comentário necessário, a alarvidade da praxe académica. Se eu fotografasse tudo o que tenho visto, daria um álbum memorável para reflexão. Juntar-se-ia ao protesto de professores de Coimbra hoje noticiado.

Não há um reitor neste país que diga "não", proiba a praxe, esta coisa anacrónica, alvar?

Não há, porque, por muitas razões, de natureza empresarial, tanto na pública como na privada, é preciso tratar e acarinhar o estudante como "consumidor".

Vem também outra coisa a propósito indireto. Fala-se muito dos jotas partidários e dessa via de carreirismo político. E os dirigentes associativos? Eu fui, presidente de associação e secretário geral da RIA. Nessa altura, sê-lo era meio caminho para Caxias. Hoje é meio caminho para uma carreira videirinha.

Há algum tempo, vi um dirigente associativo praticar um ato da mais vergonhosa sabujice para com o poder universitário. E fiquei a pensar se devo ou não aceitar o saudável espírito de abertura e de relativismo dos que me dizem que os jovens de hoje são diferentes mas tão bons ou melhores do que os do meu tempo.

1 comentário:

  1. Ao que chama de relativismo, caro João, eu chamaria cega complacência perdida nas suas referências éticas, numa rendida obediência aos imperativos de um tipo de marketing indigno até de empresas em cuja dimensão o futuro apareça como o dispendioso "I & D".
    Desculpe a franqueza, mas a apreciação sobre a quantidade e a qualidade tem que ter alguma relação com a massificação no acesso ao ensino superior e, do ponto de vista da "cives", não passa de um potencial. Levar essa potência a acto é o núcleo da missão da universidade, e para o fazer não pode demitir-se, como o vem fazendo (o caso da praxe é paradigmático), sem uma sua recentragem corajosa em matéria de valores éticos.
    Para mim, essa complacência exprime a mais do que duvidosa ética presente na praxis do ensino superior onde preside a "moral do poder" económico/politico, assim mesmo definidos na mesma equação. Os valores da exemplaridade e da integridade não proliferam num contexto cuja autoridade deveria advir da superioridade moral do conhecimento cientifico "a se".
    Que admiração se apenas uma ínfima parte desses "melhores" saia da universidade preparado para sobreviver moralmente, não abdique de valores a que muitos dos seus "mestres" há muito renunciaram, entretidos com a neo-sedução do dinheiro?
    A mediocridade do produto reflecte necessariamente a mediocridade dos factores de produção empregues.
    Tempo de reflexão menos auto-complacente, não?

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