A minha intuição médica, apesar de 40 anos de falta de prática clínica, não me enganava, ao olhar para as fotos do Miguel Portas.
Eu não era amigo íntimo do Miguel Portas. Os nossos percursos foram diferentes, eu solitariamente fracionista em1980, ele só na leva coletiva do pós-golpe de Moscovo, dez anos depois, quem é que pode ter esperado por isso?
Até me defrontei combativa e lealmente com ele quando fez a OPA do meu MDP, mas é um dos casos em que fico a pensar, contra a brandura dos nossos costumes, que o obituário - obrigatoriamente conforme aos bons costumes - corresponde ao que eu pensava dele: homem honesto, sem pensar em mordomias resultantes dos seus cargos, estruturado na força da sua ideologia consequente. Para mim, de longe o melhor (carácter, mente aberta, afetividade, ideologia em construção permanente) da troika fundadora do BE, Louçã, Fazenda, Portas.
Fico a pensar em coisa transcendente do homem, sobre a qual falei há dias. Mesmo com muitas reservas em relação ao significado disso, tudo indicava que, numa provável convenção do BE lá para fins de 2012, o seu grupo, com o espírito da Política XXI, pudesse trazer alguma novidade. Novidade, por exemplo, para o projeto que defendo de novo partido. Agora não sei.
Ao meu amigo, que descanse em paz, não tendo de saber se os seus amigos lhe continuarão as ideias. É a vida. Se sim, ótimo, cá estaremos para a luta conjunta.
Descanse em paz, que bem merece quem lutou em vida.
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