sexta-feira, 27 de abril de 2012

Jornal de referência


1. Nos últimos dias, fora do jardim à beira mar plantado, não li jornais portugueses. Só hoje dei por uma pérola, no Público de 25 de abril, logo nesse dia. Uma jornalista que não conheço, Rita Siza, discorre sobre a política argentina, claro que centrando-se principalmente na nacionalização da filial da Repsol, sob o título “Os argentinos aplaudem a deriva populista de Cristina Kirchner”.
A minha primeira reação é de dizer “a jovem jornalista”. Não sei se é verdade, até pode essa senhora já estar bem instalada. A minha referência vai para toda uma geração que conheço bem (duas universidades) de diplomados em comunicação social que aprendem muita semiótica, leram muito Barthes, sabem imenso da psicologia da comunicação (a descambar para psicologia da manipulação), mas dão pontapés na gramática, não sabem com quem foi casado o nosso rei D. Fernando, confundem “fiscal” com “orçamental”, não sabem fazer uma regra de três, nunca leram sequer a nossa Constituição.
A política de Cristina Kirchner é uma deriva populista? A senhora jornalista far-nos-á (coisa arrevezada de português que os jovens jornalistas não dominam) o favor de explicar o que entende por populista? E demonstrar, nas coisas reais, o que isto tem de definidor da nacionalização da YFT (Repsol)?
2. É por acaso que isto vem no Público? Ainda é jornal de referência, não sei bem porquê. É o jornal que assino, porque do mal o menos. Mas, em tempos de predominante qualificação política de tudo o que é  a nossa vida, é um jornal de direita. Hoje não tenho tempo, mas prometo demonstrá-lo, com objetividade.
Desde logo um exercício: comparem a pluralidade dos colunistas de há uns meses com o panorama cinzento e guinado à direita do leque atual.
Vive de memórias antigas, a começar por um Vicente Jorge Silva que ninguém acusaria de direitista. Depois foi coutada de um exemplar rupestre da nossa direita que é exemplo do pior que há na Europa, José Manuel Fernandes (obviamente, um ultra-esquerdista em jovem!). Agora é dirigido por uma senhora de quem não se sabe nada, deve ser boa funcionária do patrão.
Estive uns dias em Espanha, tão próxima e tão distante. Uma das marcas de diferença tem um nome: El País.

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