As coisas não estão muito melhor [JVC - em comparação com os EUA ...] na Europa. A Grécia e outros defrontam-se com a crise, enquanto que o remédio du jour é simplesmente o desperdício de tempo de pacotes de austeridade e privatizações, que deixarão os que por aí forem cada vez mais pobres e mais vulneráveis. Este remédio falhou no Extremo oriente, na América latina e em toda outra parte e falhará também na Europa. De facto, já está a falhar na Irlanda, na Letónia e na Grécia.
Há uma alternativa: uma estratégia de crescimento económico, apoiada pela União Europeia e o FMI. O crescimento restaurará a confiança em que a Grécia pagará a sua dívida, o que causará a descida das taxas de juro e deixará lugar para mais investimentos no crescimento. O crescimento, por si próprio, aumenta a receita fiscal e reduz a despesa social, nomeadamente o subsídio de desemprego. E a confiança que isto causa leva a ainda maior crescimento.
Joseph E. Stiglitz, professor da Columbia University, Prémio Nobel da Economia (e, a ver-se o que por cá se escreve, um perigoso comunista, a coisa que mais há nas universidades americanas, McCarthy tinha razão…), em Project Syndicate.
Os acontecimentos nos mercados europeus da dívida não estão a dar grandes títulos [JVC - nos EUA]. Mas deviam: mesmo com o GOP [JVC - “Great old party”, o Partido republicano] a fazer o máximo para destruir o crédito da América, as coisas estão a partir-se em cacos no outro lado do Atlântico.
O “spread” das taxas de juro entre os títulos italianos e alemães é agora ainda maior do que antes do grande plano europeu de resgate [JVC - da cimeira de 21.7]. Dado que o objetivo desse plano era, antes do mais e essencialmente, acalmar os mercados antes que a Itália e a Espanha se afundassem em espirais de dívida auto-alimentada, estas são mesmo muito más notícias.
Paul Krugman, professor da Universidade de Princeton, Prémio Nobel da Economia, outro tenebroso comunista, em crónica no New York Times.
Llama la atención que se repita sin cesar la obviedad de que España no es Grecia. (…) Las diferencias y las similitudes macroeconómicas son significativas solo incardinadas en los distintos modelos productivos, incluyendo las peculiaridades sociales, políticas y culturales. De ahí que sea sumamente arriesgado comparar países, pero el que se insista tanto en lo diferentes que son España y Grecia y se omitan semejanzas bastante estridentes, nos alerta de que tal vez se quiera encubrir coincidencias relevantes.
Ignacio Sotelo, professor catedrático de Sociologia, El País, 22.7.2011.
Porém, a fé inabalável na ideia de que "a oferta gera a sua procura" sustenta um grupo de economistas académicos na defesa intransigente de uma ideia-chave: executando bem o Memorando, o país acabará por resolver o seu problema de endividamento público e privado. Em estado de negação, não se dão conta de que a economia portuguesa está a liquidar as bases do seu potencial de crescimento através do desemprego maciço, cada vez mais de longa duração e sem apoio social, e da emigração de jovens qualificados. Para estes formatadores da opinião pública pouco importa que até a insuspeita revista "The Economist" publique um artigo onde são referidos estudos recentes demolidores da ideia de que "austeridade com reformas estruturais" gera crescimento económico. Um dia estes académicos deviam ser responsabilizados pela caução que deram à política desastrosa que nos vendem como inevitável.
Jorge Bateira, economista, Jornal “I”, 28.7.2011.
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