segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A escolha de Cavaco

Já tanto se anda aí a discutir sobre o vencimento/reforma de Cavaco que só me resta assinar o ponto. Desde logo, recordar que não se trata de “gesto largo, transbordante, (…) de parvo nem romancista russo, aplicado,  E romantismo, sim, mas devagar…”. É mero cumprimento da lei.
Até ao ano passado, ou o vencimento e um terço das reformas, ou vice-versa. Curiosamente, creio que ninguém sabe o que Cavaco escolheu durante o primeiro mandato. Agora, a lei obriga-o a escolher pura e simplesmente ou uma coisa ou outra. É óbvio que o total das reformas é mais vantajoso.
Mais uma vez, o Cavaco homem, ninguém nega que com direito aos seus interesses pessoais, sobreleva o Cavaco político, muito mais o Cavaco “histórico”. Escolheu como homem vulgar, e está no seu direito. Mas esqueceu que o vencimento do presidente da Republica é um referencial, até está a ser cada vez mais discutido como limite para o salário dos gestores públicos. Considerando que é melhor receber as reformas, desvalorizou completamente essa referência.
Procedeu como o Cavaco dos negócios com o BPN, mais uma vez sem qualquer ilegalidade, mas sem a nobreza ética do homem de estado, do homem potencialmente a ficar na história, como se desejaria que ficassem todos os nossos chefes de Estado. Ele hoje não é só o Cavaco homem privado, é o Presidente da República portuguesa. Como soube ser Eanes, quando até já nem era presidente, na altura em que recusou o que lhe deviam.

1 comentário:

  1. Não gostei!
    A ver se consigo explicar, não é certo: Os gestos de pundonor, de heroicidade ou de dimensão histórica ou até simplesmente românticos ou abnegados, são enaltecíveis, como JVC faz, e justamente, com o general Eanes. Mas não são exigíveis nem a sua ausência mencionável, do mesmo modo que se enaltece aquele que se dá em trabalho voluntário em prol da comunidade mas não se apontam todos os que o não fazem. É uma questão de elegância!
    Eu também não gosto de Cavaco mas este comentário, vindo de JVC que teve o cuidado de deixar clara a sua posição durante a recente campanha eleitoral, deixa um travo ressabiado de mau perdedor.

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