sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O fim dos blogues?

Há dois ou três anos, os blogues apareceram como um instrumento privilegiado de intervenção. Como novidade, eram gratuitos, com uma interface muito amigável, não exigiam conhecimentos de programação em HTML. Amplificavam as mensagens de interventores televisivos conhecidos, como Pacheco Pereira e o seu pioneiro “Abrupto”. Também serviam para publicar livremente crónicas de jornal, provavelmente pagas e sujeitas a limitações de divulgação por causa disto.

Outra característica notável de muitos blogues era a de serem colectivos. Nunca percebi bem se por reforço da exposição de posições afins se por comodidade de distribuição de tarefas, porque um blogue obriga a publicação frequente. E é neste aspecto que a evolução dos blogues me tem surpreendido.

Há os resistentes individuais, que publicam sozinhos todos os dias, o que dá ao leitor a ideia de que viam lede qualquer coisa coerente com a escrita geral do autor. Se entre os que leio diariamente, lembro, por exemplo, Joana Lopes, no “Entre as Brumas da Memória”, Pedro Lains e Vítor Dias, no “Tempo das Cerejas”. São resistentes da blogosfera, fora os que escrevem no Facebook, como os que leio diariamente, João Carlos Graça e Alfredo Barroso.

Na lista dos colectivos, abundam os casos em que vemos co-autores que nunca escrevem. Na relação autores de facto / autores nominais, nos últimos meses, dou alguns exemplos. Arastão: 2/9; Ladrões de bicicletas: 5/11; Incursões: 4/13, Jugular: 10/26.  

O que significa? Cansaço de alguns? Quebra e identidade grupal? Provavelmente, a falta de organização disciplinada nos blogues colectivos mata-os. Parece-me que é muito mais proveitoso, para um projecto de grupo, a publicação de um portal ou de uma revista online. Ou mesmo, mais modestamente, um meta-blogue que é um índice dos blogues participantes. O Hunffington Post começou como coisa de  amigos carolas e hoje é o que se vê (e sem publicidade). 

E ter em conta uma coisa muito simples e prática. Todos os dias visito obrigatoriamente 24 blogues. É demais! Bem preferia que fosse como a também obrigatória visita ao Guardian ou ao New York Times, em que vejo logo tudo o que vale a pena ler, incluindo os blogues como os de Paul Krugman (também a não perder os blogues com acesso pela página do El Pais).

NOTA – Há uns tempos, comecei a fazer a ligação entre os meus blogues e a minha página de facebook. Foi notório o aumento do número de visitantes aos blogues. Ainda não percebi o que causa isto mas é coisa interessante, a articulação entre as redes sociais tipicamente de escrita telegráfica e os blogues. 

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