Soube pelo nosso amigo comum, José Medeiros Ferreira, da morte de António Borges Coutinho. Homem esquecido, porque os Açores estão distantes e os anos 60s ainda mais, ou só para serem perversamente invocados, como geração hoje instalada no poder (!), por Helena Matos e, ontem ou anteontem, por José Manuel Fernandes, nesse jornal de referência que é o Público.
Já não via o António há bastantes anos, desde a cerimónia de condecorações, que também me coube, em que, com toda a justiça, ele recebeu a Ordem da Liberdade. Voltei a vê-lo então com a analogia que ele sempre me despertou, a de La Fayette, o aristocrata que, contra as regras da casta, sobreleva a mentalidade e a ética do revolucionário, do progressista. Muitas reuniões políticas houve por volta de 1969 e das CDEs. Em casas ricas e pobres. Mas certamente muito poucas em solares de marqueses, como o da R. Marquês da Praia em Ponta Delgada.
Do António amigo, meu "patrono" no Gil, com Melo Antunes - e os já mais introduzidos, como o Medeiros Ferreira, aka Zé das barbas - não digo nada, é coisa privada. Do Borges Coutinho público, falou bem Medeiros Ferreira. Saravá, Borges Coutinho!
Nota - por falar em aristocracia e democracia, especificamente 1969, lembro que a primeira reunião em que participei em 1969, na criação das CDE, foi em S. Domingos de Benfica, no palácio Fronteira, rodeado e controlado pela Pide, com notável atitude de coragem do anfitrião, Fernando Mascarenhas. Homem a quem eu, plebeu e republicano, faço a homenagem excecional de tratar por Marquês de Fronteira, não por herança mas pelo que ele vale.
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