Durante cerca de dez anos, mantive escrita regular sobre a educação superior, creio que com sucesso e audiência fiel. Saindo de uma experiência desafiadora, afinal gratificante em termos estritamente pessoais, de gosto de obra feita, mas na prática penalizadora, até a nível ofensivo por parte de “superiores” medíocres, passei a livro anos e anos de reflexão sobre a universidade, mesmo quando era investigador e não professor. Depois, muitos artigos e um blogue.
A certa altura, achei que podia ter conflito de interesses e suspendi essa escrita. Fui contratado pela Universidade Lusófona (ULHT) para lançar um projeto novo de educação médica, o que se defrontava com interesses poderosíssimos. Depois, fui nomeado pró-reitor, com o pelouro muito sensível da estratégia institucional. Escrever, mesmo que a título pessoal podia causar dano, no nosso mundo mesquinho, à confiança que me estava a ser dada.
As coisas hoje, no pseudo-sistema de governação, regulação, avaliação, acreditação, etc., da educação superior chegaram a ponto de eu achar que é mais útil à minha instituição, e com maior satisfação minha pessoal, epicuriana, eu ser manifestamente o que sou, com a minha frontalidade conhecida, com o que julgo ser a minha autoridade de informação, reflexão e crítica. Há coisas que chegaram a tal ponto, e começo logo por apontar a A3ES - de que falarei depois - que não há que se “ter maneiras”. É atirar tudo para a mesa, “les jeux sont faits”.
Recomeçando esta minha velha lide, nada melhor, simbolicamente, do que chamar a atenção para uma excelente intervenção de quem considero o melhor reitor português, estratega e homem de visão, António Sampaio da Nóvoa. Aqui fica a ligação. Imperdível!
Dentro de dias, voltarei a dizer da educação superior. Como costumava escrever antes, sempre a dizer que o rei vai nu. E o rei, neste momento, nem é o ministro, muito menos o eterno ministro anterior que já estava triste e caduco. É quem tem um mandato limitado mas o exorbita. Escreverei sobre isto.
Caro João (JVC), ainda bem que reconsiderou e, pelo que acabo de ler, fico satisfeito por querer voltar a partilhar as suas reflexões sobre a investigação e a educação/ensino/formação superior. Não vou tão longe em dizer que existia uma certa "orfandade" mas sentia(mos) alguma ausência. Ausência de pensamento e de crítica construtiva sobre estas matérias, sobretudo, em tempos que não auguram nada de bom para o ES (e nada de bom para a sociedade em geral). Bom "regresso"... e aqui estarei como leitor atento e, algumas vezes, interveniente. Abraço
ResponderEliminarDomingos Caeiro