Da parte de António Nóvoa, reitor da UL, sabia eu desde há alguns anos que era um seu velho sonho. Por isto, ainda ontem me perguntou “continuas a pensar que era uma loucura?”. Primeira coisa que devo corrigir: se alguma vez disse que era loucura sua, era no sentido de eu achar ser coisa extremamente improvável, que lhe iria causar grande desgaste. Mas loucura no sentido vulgar do termo, nunca achei. É com loucuras destas que se fazem grandes coisas.
Achar que era improvável não era por razões técnicas ou organizacionais, que são indiscutíveis – não há entre as duas antigas universidades qualquer sobreposição ou redundância a resolver, são absolutamente complementares, um casamento perfeito. Pensei foi nos entraves corporativos, nas razões de mentalidade.
A autonomia dos universitários (o que não é exactamente o mesmo que a autonomia universitária) favorece a criatividade e a responsabilidade intelectual, mas tem como consequência tradicional o enquistamento em capelinhas, as rivalidades mesquinhas, a reduzida amplitude da visão institucional.
Foi o que aconteceu, inicialmente, com muitas resistências de várias escolas, de uma e outra universidade. Mas a persistência e capacidade de convencimento dos dois reitores, convictos da razão que tinham, acabaram por dar por vencedora a tal “loucura”.
António Nóvoa e António Cruz Serra ganharam lugar destacado na história da universidade portuguesa.
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